segunda-feira, julho 27, 2009

A menina dos sonhos

Trazes um vestido
que roça o chão e te esconde os pés.
Folheado e de marfim,
abraça-te o corpo num aperto exagerado.

Os teus cabelos russos, de brilho exuberante,
acariciam-te a face mimando-te com beijos.
Nem curtos nem compridos,
deixam-se descansar nos teus ombros.

Passas por mim de olhar desviado,
como que fitando a foz das águas murmurantes,
que te levam em pensamentos longínquos,
de quem não está de onde se vê.

Miro-te, apaixonado, sobre a ponte rústica
que te mantém firme nesse lugar.
Debruças-te, aspirando o cheiro dos teus sonhos,
enquanto brincas, alheia, nuns passos de dança das tuas mãos.

Dias que passas assim, tal como estás,
comigo aqui assim, tal como estou.
Magicas mundos de fantasia reais,
que só tu vês,
que eu tão bem sinto.

Choras, impassível, a tua vida
e soluças, angustiada, os teus sonhos.
Deixas-te enganar pelos reflexos que te alimentam,
mas que já não te saciam.

Vejo, daqui, que a dança mudou
com passos tremidos e inseguros.
Enches o peito, numa golfada fria de coragem,
elevas o olhar ao horizonte dos teus sonhos
e decides-te, num impulso, em alcançá-los.

Quero-te chamar
e sonhar a teu lado.