Tempo ido
Que saudades tenho de me sentir!
Da despreocupação, da insensibilidade sentida,
da falsa liberdade a que me confinava ingénuo.
Estou agarrado a um passado longínquo,
Deixem-me criança!
Viver continuamente a vida que me fugiu.
Deixem-me ser...
Agarro-me a textos poeirentos,
perdidos no fundo da gaveta.
Releio pensamentos de outrora,
que o tempo roubou e deturpou.
Ligo as músicas das minhas rebelias
e choro, em choro míudo, quase inaudível,
como que envergonhado por ter perdido a minha alma.
Resto-me só, se a mim me contar...
A música da minha vida acabou
e, sem coragem, peço que me apaguem as luzes.