sexta-feira, outubro 27, 2006

Luta interior...



Perco-me por este misterioso caminho
debaixo de uma límpida noite
de lua cheia, reconfortante ou medonha.
Passo por milhares de almas
que se deixam mergulhar
nos felizes sonhos que as acolhem.

E quando o martelar ritmado, frio e calmo
das botas no bruto solo se propaga
e, inaudível a muitos, se aproxima
e, secamente, te encosta o espírito revolto
ao que mais temes e evitas,
sei que hoje lutarás por saber quem sou.

Sais apressadamente,
e em conflito com a tua mente
vagueias, procurando-me,
na tentativa de, ainda, me alcançares.

E sabendo que me procuras,
continuo serenamente,
pelo caminho que agora escolhi,
percorrido por uma leve e fria aragem
de uma maresia nostálgica.

E ao de novo voltar a este paraíso,
aproximo-me da cristalina esmeralda,
que de lânguidas passagens,
finas e transparentes,
torna são o maculado areal revoltado.

Aqui e ali, asilos romanticamente gélidos,
envolvidos por uma penumbra cativante,
onde jovens apaixonados se perdem
nos braços do amante, num apelo ao prazer.

Vendado a tudo isto,
toco a preciosa esmeralda,
que a cada momento me transforma,
e por sobre a acalmada revolta,
estendo o meu devastado ser.

É então que te ouço aproximar,
devagar, mas ainda ofegante.
Vais dando passadas curtas e incertas,
de medo, esperando-me adormecido.

Ajoelhas-te a meu lado
e observas-me atentamente,
como a um bicho nunca antes visto
perante o qual ficamos curiosos e assustados.

Não te vejo,
mas sinto a tua luta interior,
que te vai consumindo por dentro,
sinto a tua mão tremente
a pairar sobre o meu peito sonolento.

É então que me tocas,
primeiro ao de leve,
incrédula por tanta ousadia,
depois, firme e segura,
mas ansiosa pelo meu acordar.

Finjo-me surpreendido,
pois sabia que aqui virias ter.
E agora que neste Éden,
ficamos, finalmente, sós,
recai um silêncio envergonhado sobre nós.

Todas as palavras trazidas no teu coração,
todas aquelas que fizeste por criar e decorar,
para não mais as esqueceres,
foram vãs, estando agora perdidas algures.

Pelas tuas faces, deslizam, suavemente,
pequenas esmeraldas que teimas em esconder.
Esmeraldas de alegria, por me veres,
de raiva, por não teres que dizer,
de espanto, por te amar,
de conforto, por te abraçar.

E ao olharmo-nos,
todas essas palavras esquecidas,
que julgavas importantes,
são pequenas para o que sentimos.

Tudo o que temos a dizer um ao outro,
todas as promessas do nosso futuro,
todo o nosso amor sentido,
encontra-se na simples e silenciosa
troca de olhares.

Aproximas-te ainda mais,
e deixas descair a tua cabeça,
de finos e suaves fios de carvão,
que me arrepiam a cada passagem,
no ombro do, agora, meu revigorado ser.

E ao fascinante sangrar da manhã,
quando tudo acorda
e se prepara para o dia que surge,
adormecemos como duas crianças cansadas,
felizes, de sorriso nos lábios.

3 Steps:

Anonymous Anónimo said...

nao há palavras...

:')

1:13 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

tenhu a dizer.t k adorei est poema, ta lindo a serio, nao imaginava k tinhas tanto jeito para escrever e para transpor as emoçoes para o papel!! axei piada porque também custumo escrever imenso, tento escrever o k sinto ou o k tento sentir.. mtos parabes a seriu axu k ta um texto fantástico!!*

9:57 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Dos poemas k li escritos por ti até agr... este é o mais bonito

3:30 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home