quinta-feira, dezembro 28, 2006

Natale

Hoje acordei, deitado, de costas doridas.
Como elas me doem!
Em baixo, gritos do infante ecoam,
galgando escadas até meus ouvidos.

Na sonolência trôpega que me possui
levanto-me com um olhar remeloso
que se esgueira por todos os cantos,
gemendo pelo continuar da noite.

Visto-me de couro negro
- esplêndida pele que me recobre -,
para mais um simples dia,
celebrado como especial.

Desço os degraus, enfim, silenciosos,
que o corpo urge por alimento.
Bons-dias e sorrisos ingénuos recebidos
que entre dentes são devolvidos.

Corro ao encontro do apaziguamento,
à calmia dos lugares
que se defendem do humano,
material e até sonhado.

Sentado, da velha fonte de sabedoria,
sôfrego, bebo, insaciável,
sabendo que me espera
a descida àquela casa, acolá,
onde se festeja o instaurado dia.

É único este dia - para mim -,
como todos os outros o são, aqui.
Mas sim, é diferente - para eles -;
o natale da hipocrisia!


3 Steps:

Anonymous Anónimo said...

muito bom mesmo...clap clap

9:07 da tarde  
Blogger Alex said...

Este comentário foi removido pelo autor.

2:41 da tarde  
Blogger Alex said...

Princípio do V for Vendetta

2:44 da tarde  

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