segunda-feira, outubro 01, 2007

Lua

O lusco fusco surge
na mudança de sol a lua
e a cidade prepara-se
para receber mais uma noite.

Da varanda de onde a espero
vejo milhentas luzes iluminar
o alcatrão que entre casas se perde
sem alguém para o calcar.

Ao redor deste refúgio,
chaminés içam no ar
o fumo das comidas
que famílias esperam esfomeadas.

Pacatamente, em noite à parte,
ouvem-se os grilos, já despertos,
em constante sinfonia,
chamativa do amor.

Dando aval às horas
para, metódicas, passarem,
surge assim a lua
a deslumbrar-me lá do alto.

Magnífica lua,
em crescente apresentada!
Pérfida lua,
que tao nova mentes já!

Inspiração de artistas,
como podes tu ser?
Ora mentes ora foges,
ora magra ora gorda!

Muito encanto deves tu ter,
que eu que te rejeito
perco-me também
emaranhado em teu enleio.